segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Credibilidade e ética

A atual campanha eleitoral está deixando um rastro de destruição na reputação de muitas pessoas. A forma como  a imprensa lida com os candidatos é, declaradamente, parcial. A falta de isenção e o tratamento assimétrico por parte da imprensa não é crime, nem é ético. Parte da imprensa tucanou de vez. Saiu do muro.

Qualquer ser humano que se envolva com política precisa estar preparado para o pior. Precisa ter sangue frio, saber se esquivar, negociar, mentir. A política é uma arte. A comunicação também. Talvez por isso essas duas "artes" andem de mãos dadas há tanto tempo. Vejam sobre a Agitprop dos intelectuais bolcheviques. Vejam o Cidadão Kane, de Orson Welles, encarnando o magnata das media Randolph Hearst. Vejam as teorias e as aplicações de Goebbels que levaram o nacional-socialismo de Hitler ao poder na Alemanha. Vejam as relações entre Dick Cheney e George W. Bush com Rupert Murdoch. Para não estender demais a lista, vejamos Berlusconi, magnata das media e primeiro ministro da Itália. Cá, no Brasil, tirando o fato de que muitos dos veículos de comunicação pertencem a políticos, notamos que personagens das media buscam oportunidades também no campo da política.

Entretanto, o fato que nos interessa neste texto, é a capacidade de exercer a política e a comunicação com maestria, com "arte". Não podemos deixar de notar que os veículos de comunicação mais importantes do Brasil têm extrema competência em atingir esse patamar, essa condição de "arte". Há uma aparente infinita capacidade, nesses veículos, de gerar notícias, de produzir informação, tudo dentro do mais alto conceito de credibilidade, perante o público.

Tenho para mim que o maior patrimônio que uma empresa de comunicação pode ter é a credibilidade. Mesmo a menor empresa de comunicação, que é o profissional autônomo, necessita de credibilidade e perícia no seu ofício. A credibilidade fez os Hearsts, os Berlusconi, os Goebbels e os Murdoch. Sem credibilidade o homem de comunicação não alcança a sintonia necessária para que o público lhe reconheça com valor.

A credibilidade pode ser alcançada por meio da ética, como resultado do esforço e da consciência profissional, com responsabilidade, com dedicada honestidade, com a verdade. Mas a credibilidade também pode ser alcançada por meio da mentira. Vi e vivi situações em que pessoas absolutamente desconhecedoras de questões fundamentais ao ofício se apresentaram como profundos conhecedores, especialistas, com expertise verbal suficiente para impressionar os incautos, ingênuos e ignorantes. Vi, por exemplo, um "designer" vender a logomarca da Editora Globo para dois empresários que se consideram absolutamente "espertos" e "bem informados". Ao informar que estavam comprando gato por lebre, percebi que a credibilidade do "designer" era inabalável, a minha não. Depois que foi constatado que eu tinha razão, solicitaram outra logomarca. O "designer", finalmente, vendeu a logomarca da Rede Globo com uma pequena alteração: no lugar do retângulo recortado no centro da esfera maior, o cara pôs um triângulo. Para não ficar tão parecida com a logomarca da Rede Globo, o cara manteve os rasgos paralelos em diagonal na face da esfera, como havia na imagem da Editora Globo. Essa logomarca ainda é utilizada pela emissora que solicitou o trabalho do "designer".

Voltando ao problema da destruição de reputações numa campanha eleitoral, a credibilidade dos veículos de comunicação é quase inquestionável. O poder de persuasão sobre leitores, ouvintes e telespectadores é arrebatador, se aproxima do cenário profetizado por George Orwell, em 1984. Talvez seja este o nosso destino. É já bastante óbvio que a perda de credibilidade entre os políticos chegou a um nível em que, sem a imprensa, fazer política, e sobretudo campanha política, é impossível sem a credibilidade dos veículos de comunicação. Ao cidadão comum, a democracia é inacessível justamente por isso: os meios de comunicação lidam com os ricos e famosos. Os pobres são anônimos, ou são apenas os quase anônimos das páginas de mundo-cão. Mas isso não perturba a credibilidade da democracia que, possivelmente, caminha para a ditadura deslavada das classes hegemônicas, a classe dos ricos e famosos.

O que me despertou a vontade de escrever este hipertexto foi a leitura de um texto publicado pela Folha de São Paulo que reproduzo abaixo:

"Nem estudando, nem trabalhando. Mais de dois em cada dez jovens brasileiros entre 18 e 20 anos se encontravam nessa espécie de limbo em 2009, à margem da crescente inclusão educacional e laboral registrada no país em anos recentes, informa reportagem de Érica Fraga para a Folha (íntegra disponível para assinantes do UOL e do jornal). 
Essa geração "nem-nem" (tradução livre do termo ni-ni, "ni estudian ni trabajan", usado em espanhol) representa uma parcela crescente dos jovens de 18 a 20 anos. Eram 22,5% dessa faixa etária em 2001 e 24,1% em 2009 (o equivalente a 2,4 milhões de pessoas).
Nesse mesmo período, a taxa de desemprego no país recuou de 9,3% para 8,4%. Os dados são da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e foram levantados pelo pesquisador Naercio Menezes Filho, do Centro de Políticas Públicas do Insper.
Segundo especialistas, essa tendência é resultado de várias causas. Entre elas, paradoxalmente, o maior aquecimento no mercado de trabalho --que tem acirrado a competição-- e o aumento significativo de transferências do governo para famílias de renda mais baixa."(

Após ler o texto, refleti apenas por alguns segundos e cheguei à conclusão de que o texto passa uma informação duvidosa por meios artificiosos. A credibilidade do veículo chegou a um patamar em que já lhe é possível mentir. A tática goebbeliana de vencer uma verdade com mil mentiras já é desnecessária. Uma mentira se transforma em verdade quando a credibilidade é inquestionável. Por que a notícia da Folha é mentirosa? Ora, todos sabemos que jovens do sexo masculino nesta faixa etária têm mesmo dificuldade para se empregar. Todos estão alistados para o serviço militar e as empresas dificilmente os contratam com carteira assinada. Há empresas que assumem o risco de contratar jovens nessa idade, mas esse não é o procedimento das indústrias. Todos sabemos que o mercado informal, sem registro em carteira, oferece, no mais das vezes, possibilidades de ganhos superiores ao trabalho formal: um camelô ou um vendedor de hot dog ganha mais do que muitos empregados no comércio e no setor de serviços. Quanto ganha mesmo um atendente do McDonald´s?

O problema da matéria é indicar que "Segundo especialistas, essa tendência é resultado de várias causas. Entre elas, paradoxalmente, o maior aquecimento no mercado de trabalho --que tem acirrado a competição-- e o aumento significativo de transferências do governo para famílias de renda mais baixa". Assim, a matéria induz o leitor a acreditar que o bolsa-família cria desocupados. Anestesiado em sua capacidade de observar sua própria história de vida, o leitor esquece que passou pelo drama do desemprego quando jovem, e que esse desemprego era motivado pela situação indefinida em relação ao serviço militar. Absolutamente crente nos "especialistas" que a matéria menciona, o leitor não questiona o veículo: "quem são os especialistas, eles têm nome, em que são especialistas, onde se formaram?". Satisfeito com a matéria, o leitor não precisa buscar outras informações, o que sabe já é suficiente. Mas o leitor curioso não está ainda satisfeito. Por acaso, no mesmo veículo, encontra uma matéria que parece contradizer o panorama negativo que a primeira cria:

"O medo do desemprego nunca estava tão em baixa no país, segundo pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria). Para ela, o bom desempenho da economia aumentou a confiança dos brasileiros no emprego. O índice que mensura o medo caiu para 81,1 pontos em setembro deste ano, de acordo com a pesquisa trimestral divulgada nesta quarta-feira.
O índice de setembro, que recuou 1,5% em relação ao de junho, é o menor desde maio de 1996, quando começou a pesquisa, em que quanto menor a pontuação maior é a confiança na preservação do emprego.
"A queda na pontuação registrada em setembro é resultado do aumento do número de pessoas otimistas em relação ao emprego", afirma a pesqauisa. Em setembro, 55% dos entrevistados disseram não temer ficar sem trabalho. Foi o terceiro trimestre consecutivo em que mais da metade dos brasileiros afirmou não estar com medo do desemprego. Outros 30% disseram ter pouco medo e 15% afirmaram ter muito medo do desemprego.
Segundo o gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, a avaliação otimista da população reflete as condições favoráveis do mercado de trabalho. "A economia retomou o crescimento e as taxas de desemprego das principais regiões metropolitanas estão entre as mais baixas da história", explica Castelo Branco.
Segundo ele, o Índice de Medo do Desemprego deve manter-se nesse patamar até o final deste ano e ao longo de 2011. Isso porque tudo indica que o ritmo de crescimento da economia continuará elevado, garantindo a expansão da oferta de empregos." (http://www1.folha.uol.com.br/mercado/813901-medo-do-desemprego-atinge-o-menor-patamar-historico-aponta-cni.shtml)

Opa! Parece que agora temos nomes, instituições com nome, especialistas com nome. Não se trata da mesma notícia escrita com outras tintas, obviamente. Mas o cenário geral, mais amplo, contraria o cenário particular de uma notícia cuja pesquisa será absolutamente falha, se não considerar a variável do alistamento e outras ainda. A falta de qualificação que assombra os jovens das classes mais pobres, vitimados pela ineficiência de uma educação sistematicamente sucateada, tende a levá-los tanto ao mercado de trabaho dos salários baixos e da falta de perspectiva profissional, quanto ao mercado informal. Alguns preferem uma carreira no submundo do crime.

Não acredito que o pesquisador do Insper tenha feito a mesma análise que a Folha apresenta sobre a sua pesquisa. Me parece que a matéria distorce as causas enquanto mostra os fatos. É uma operação quase sutil, para quem não estuda atentamente a comunicação. É uma forma de usar dados verazes para produzir uma mentira. A Folha se utiliza da credibilidade de notáveis jornalistas e articulistas que fazem parte do seu quadro para divulgar notícias mentirosas com intenções nitidamente políticas.

O problema que causa o desemprego entre os jovens produz toda uma cadeia de efeitos, entre os quais, a dificuldade do jovem prosseguir estudando depois de formar-se no nível médio. Posso afirmar, a partir da minha experiência pessoal, pelo que vivo e vejo: o problema é complexo e não envolve apenas política, mas ideologias de RH e empregadores, além de problemas econômicos nas comunidades carentes que fazem com que o jovem desempregado não tenha dinheiro para condução.

A união entre política e comunicação também tem mil faces, algumas positivas e outras negativas, algumas propositivas, outras nocivas. Políticos são eleitos pelo povo para trabalhar por melhorias para o conjunto da sociedade; no entanto, o que vemos é muito idiota eleito se transformar em "autoridade", o que configura o mais infeliz exercício de vaidade. E, quanto mais distante do povo que o elegeu, e mais próximo da casta de empresários e lobistas que o cercam, mais importante o político se sente. Na verdade, um bosta; não atende a sociedade, mas a "sociedade". E quanto mais atende a "sociedade", mais visilbilidade tem. Porque aparece em revistas de lobistas, jornais de lobistas, televisões de lobistas, rádios de lobistas. É um bosta, mas é sempre solicitado a dar opiniões, participar de julgamentos, emitir sentenças, passar final de semana na Ilha do bosta, eleger a miss, bradar em defesa da democracia e da credibilidade das instituições públicas e privadas.

É aí que a confusão está exposta de forma irreversível: o homem eleito pelo povo já não pertence apenas ao território da política, mas da comunicação. Ele é Relações Públicas de si mesmo e da sua casta; ele faz a Publicidade e a Propaganda de si mesmo e dos seus pares; ele é o Marketing mais formidável dos grandes projetos da "sociedade"; ele é o Garoto Propaganda do Partido e dos Ricos e Famosos. Por fim, ele é o grande Jornalista: ao mesmo tempo em que É a própria notícia, ele a divulga; e produz novas notícias, por meio da invenção e por meio da elaboração. O bosta torna-se um técnico competente nos domínios da comunicação. A política era apenas uma escada para a sua ambiciosa vaidade de tornar-se demiurgo. Já não sabe usar outro verbo, a não ser EU. Basta acrescentar três letras para a sua realização final, para a sua auto-consagração. Por meios muitas vezes obscuros, o bosta consegue fazer seguidores, aumenta seu poder. Torna-se tão influente que os profissionais de comunicação o temem, lhe obedecem, reproduzem no impresso o seu texto ideológico. Os profissionais temem perder o emprego, se calam, se escondem e guardam a ética numa gaveta bem tímida. Esperam que o bosta passe, com uma enchente, com um furacão ou com uma revolução.

Comunicação é política pública. Política partidária deve ser vista com desconfiança pelos profissionais de comunicação. Isso é uma exigência da ÉTICA. Mesmo sob o risco de perder o emprego. O pior vexame para um ser humano é perder sua credibilidade ao se subordinar a um bosta. Um ser humano sem credibilidade é um cu andando num mar de bostas. Para manter a credibilidade, de verdade, é preciso preservar a ética. A Folha não tem ética; a auto-afirmação recorrente da sua credibilidade é o maior sinal do fantasma de Goebbels na Barão de Limeira..

sábado, 16 de outubro de 2010

Manifesto em Defesa da Educação Pública

O texto a seguir é a reprodução do manifesto assinado por professores de diversas instituições de ensino, públicas e privadas:

"Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra. Seu histórico como governante preocupa todos que acreditam que os rumos do sistema educacional e a defesa de princípios democráticos são vitais ao futuro do país.

Sob seu governo, a Universidade de São Paulo foi invadida por policiais armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo. Em seu primeiro ato como governador, assinou decretos que revogavam a relativa autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas. Os salários dos professores da USP, Unicamp e Unesp vêm sendo sistematicamente achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de impostos. Numa inversão da situação vigente nas últimas décadas, eles se encontram hoje em patamares menores que a remuneração dos docentes das Universidades federais.

Esse “choque de gestão” é ainda mais drástico no âmbito do ensino fundamental e médio, convergindo para uma política de sucateamento da Rede Pública. São Paulo foi o único Estado que não apresentou, desde 2007, crescimento no exame do Ideb, índice que avalia o aprendizado desses dois níveis educacionais.

Os salários da Rede Pública no Estado mais rico da federação são menores que os de Tocantins, Roraima, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espírito Santo, Acre, entre outros. Somada aos contratos precários e às condições aviltantes de trabalho, a baixa remuneração tende a expelir desse sistema educacional os professores qualificados e a desestimular quem decide se manter na Rede Pública. Diante das reivindicações por melhores condições de trabalho, Serra costuma afirmar que não passam de manifestação de interesses corporativos e sindicais, de “tró-ló-ló” de grupos políticos que querem desestabilizá-lo. Assim, além de evitar a discussão acerca do conteúdo das reivindicações, desqualifica movimentos organizados da sociedade civil, quando não os recebe com cassetetes.

Serra escolheu como Secretário da Educação Paulo Renato, ministro nos oito anos do governo FHC. Neste período, nenhuma Escola Técnica Federal foi construída e as existentes arruinaram-se. As universidades públicas federais foram sucateadas ao ponto em que faltou dinheiro até mesmo para pagar as contas de luz, como foi o caso na UFRJ. A proibição de novas contratações gerou um déficit de 7.000 professores. Em contrapartida, sua gestão incentivou a proliferação sem critérios de universidades privadas. Já na Secretaria da Educação de São Paulo, Paulo Renato transferiu, via terceirização, para grandes empresas educacionais privadas a organização dos currículos escolares, o fornecimento de material didático e a formação continuada de professores. O Brasil não pode correr o risco de ter seu sistema educacional dirigido por interesses econômicos privados.

No comando do governo federal, o PSDB inaugurou o cargo de “engavetador geral da república”. Em São Paulo, nos últimos anos, barrou mais de setenta pedidos de CPIs, abafando casos notórios de corrupção que estão sendo julgados em tribunais internacionais. Sua campanha promove uma deseducação política ao imitar práticas da extrema direita norte-americana em que uma orquestração de boatos dissemina dogmas religiosos. A celebração bonapartista de sua pessoa, em detrimento das forças políticas, só encontra paralelo na campanha de 1989, de Fernando Collor.



Fábio Konder Comparato, USP; Carlos Nelson Coutinho, UFRJ; Marilena Chaui, USP; Otávio Velho, UFRJ; Ruy Fausto, USP; João José Reis, UFBA; Joel Birman, UFRJ; Dermeval Saviani, Unicamp; Emilia Viotti da Costa, USP; Renato Ortiz, Unicamp; João Adolfo Hansen, USP; Flora Sussekind, Unirio; Maria; Victoria de Mesquita Benevides, USP; Laymert Garcia dos Santos, Unicamp; Franklin Leopoldo e Silva, USP; Ronaldo Vainfas, UFF; Otavio Soares Dulci, UFMG; Theotonio dos Santos, UFF; Wander Melo Miranda, UFMG; Glauco Arbix, USP; Enio Candotti, UFRJ; Luis Fernandes, UFRJ; Ildeu de Castro Moreira, UFRJ; José Castilho de Marques Neto, Unesp; Laura Tavares, UFRJ; Heloisa Fernandes, USP; José Arbex Jr., PUC-SP; Emir Sader, UERJ; Leda Paulani, USP; Luiz Renato Martins, USP; Henrique Carneiro, USP; Antonio Carlos Mazzeo, Unesp; Caio Navarro de Toledo, Unicamp; Celso Frederico, USP; Armando Boito, Unicamp; João Quartim de Moraes, Unicamp; Flavio Aguiar, USP ; Wolfgang LeoMaar, UFSCar; Scarlett Marton, USP; Sidney Chalhoub, Unicamp; Léon Kossovitch, USP; Angela Leite Lopes, UFRJ; Benjamin Abdalla Jr., USP; Marcelo Perine, PUC-SP; José Ricardo Ramalho, UFRJ; Celso F. Favaretto, USP; Ivana Bentes, UFRJ ; Irene Cardoso, USP; Vladimir Safatle, USP; Peter Pal Pelbart, PUC- SP; Gilberto Bercovici, USP; Consuelo Lins, UFRJ; Afrânio Catani, USP; Liliana Segnini, Unicamp; José Sérgio F. de Carvalho, USP; Eliana Regina de Freitas Dutra, UFMG; Sergio Cardoso, USP; Maria Lygia Quartim de Moraes, Unicamp; Vera da Silva Telles, USP; Juarez Guimarães, UFMG ; Ricardo Musse, USP; Sebastião Velasco e Cruz, Unicamp; Maria Ligia Coelho Prado,USP; Federico Neiburg, UFRJ; José Carlos Bruni, USP; Ligia Chiappini, Universidade Livre de Berlim; Sérgio de Carvalho, USP; Marcos Dantas, UFRJ; Luiz Roncari, USP; Giuseppe Cocco, UFRJ; Eleutério Prado, USP; Walquíria Domingues Leão Rego, Unicamp ; Marcos Silva, USP; Luís Augusto Fischer, UFRS; Edilson Crema, USP; Rosa Maria Dias, Uerj; José Jeremias de Oliveira Filho, USP; Evando Nascimento, UFJF; Adélia Bezerra de Meneses, Unicamp; Iumna Simon, USP; Elisa Kossovitch, Unicamp; Cilaine Alves Cunha, USP; Ladislau Dowbor, PUC-SP; Sandra Guardini Teixeira Vasconcelos, USP; Lucilia de Almeida Neves, UnB; Bernardo Ricupero, USP; Gil Vicente Reis de Figueiredo, UFSCar; Lincoln Secco, USP; Jacyntho Lins Brandão, UFMG; Marcio Suzuki, USP ; José Camilo Pena, PUC-RJ; Joaquim Alves de Aguiar, USP; Eugenio Maria de França Ramos, Unesp; Alessandro Octaviani, USP; Lúcio Flávio Rodrigues de Almeida, PUC-SP; Mauro Zilbovicius, USP; Rodrigo Duarte, UFMG; Jorge Luiz Souto Maior, USP; Francisco Foot Hardman, Unicamp; Paulo Nakatani, UFES; Helder Garmes, USP; Marly de A. G. Vianna, UFSCar; Maria Lúcia Montes, USP; Adriano Codato, UFPR; Ana Fani Alessandri Carlos, USP; Denilson Lopes, UFRJ; Ricardo Nascimento Fabbrini, USP; Paulo Silveira, USP; Ernani Chaves, UFPA; Mario Sergio Salerno, USP ; Evelina Dagnino, Unicamp; Zenir Campos Reis, USP ; Marcos Siscar, Unicamp; Sean Purdy, USP; Liv Sovik, UFRJ; Christian Ingo Lenz Dunker, USP; João Roberto Martins Filho, UFSCar; Marcus Orione, USP; Carlos Ranulfo, UFMG; Gustavo Venturi, USP; Nelson Cardoso Amaral, UFG; Amaury Cesar Moraes, USP; Silvia de Assis Saes, UFBA; Flavio Campos, USP; Anselmo Pessoa Neto, UFG; Vinicius Berlendis de Figueiredo, UFPR; Marta Maria Chagas de Carvalho, USP; Francisco Rüdiger, UFRS; Maria Augusta da Costa Vieira, USP; Rubem Murilo Leão Rego, Unicamp; Nelson Schapochnik, USP; Maria Helena P. T. Machado, USP; Elyeser Szturm, UnB; Luiz Recaman, USP; Reginaldo Moraes, Unicamp; Iram Jácome Rodrigues, USP; Alysson Mascaro, USP; Roberto Grun, UFSCar; Paulo Benevides Soares, USP; Edson de Sousa, UFRGS; Analice Palombini, UFRS; Márcia Cavalcante Schuback, UFRJ; Luciano Elia, Uerj; Marcia Tosta Dias, Unifesp; Paulo Martins, USP ; Julio Ambrozio, UFJF; Salete de Almeida Cara, USP; Oto Araujo Vale, UFSCar; Iris Kantor, USP; João Emanuel, UFRN; Francisco Alambert, USP; José Geraldo Silveira Bueno, PUC-SP; Marta Kawano, USP; José Luiz Vieira, UFF; Paulo Faria, UFRGS; Ricardo Basbaum, Uerj; Fernando Lourenço, Unicamp; Luiz Carlos Soares, UFF; André Carone, Unifesp; Adriano Scatolin, USP; Richard Simanke, UFSCar; Arlenice Almeida, Unifesp; Miriam Avila, UFMG; Sérgio Salomão Shecaira, USP; Carlos Eduardo Martins, UFRJ; Antonio Albino Canelas Rubim, UFBA.; Eduardo Morettin, USP; Claudio Oliveira, UFF; Eduardo Brandão, USP; Jesus Ranieri, Unicamp; Mayra Laudanna, USP; Aldo Duran, UFU; Luiz Hebeche, UFSC; Adma Muhana, USP ; Fábio Durão, Unicamp; Amarilio Ferreira Jr., UFSCar; Marlise Matos, UFMG; Jaime Ginzburg, USP; Emiliano José, UFBA; Ianni Regia Scarcelli, USP; Ivo da Silva Júnior, Unifesp; Mauricio Santana Dias, USP; Adalberto Muller, UFF; Cláudio Oliveira, UFF; Ana Paula Pacheco, USP ; Sérgio Alcides, UFMG; Heloisa Buarque de Almeida, USP; Romualdo Pessoa Campos Filho, UFG; Suzana Guerra Albornoz, UNISC/RS; Bento Itamar Borges, UFU; Tânia Pellegrini, UFSCar; Sonia Campaner, PUC-SP; Luiz Damon, UFPR; Eduardo Passos, UFF; Horácio Antunes, UFMA; Laurindo Dias Minhoto, USP; Paulo Henrique Martinez, Unesp; Igor Fuser, Faculdade Cásper Líbero; Rodnei Nascimento, Unifesp; José Paulo Guedes Pinto, UFRRJ; Herculano Campos, UFRN; Adriano de Freixo, UFF; Alexandre Fonseca, UFRJ; Raul Vinhas Ribeiro, Unicamp; Carmem Lúcia Negreiros de Figueiredo, Uerj; Carmen Gabriel, UFRJ; Ana Gonçalves Magalhães, USP; Regina Mennin, Unifesp; Regina Pedroza, UnB; Regina Vinhaes Gracindo, UnB; Elina Pessanha, UFRJ; Elisa Maria Vieira, UFMG; Reinaldo Martiniano, UFMG; Freda Indursky, UFRGS; Frederico Carvalho, UFRJ; Renata Paparelli, PUC-SP; Renato Lima Barbosa, UEL; Antonio Prado, Unicamp; Antonio Teixeira, UFMG; Aparecida Neri de Souza, Unicamp; Ricardo Barbosa de Lima, UFG; Ricardo Kosovski, UNIRIO; Ricardo Mayer, UFAL; Rita Diogo, UERJ; Adalberto Paranhos, UFU; Adalton Franciozo Diniz, PUC-SP; Alcides Fernando Gussi, UFC; Aldo Victorino, UERJ; José Guilherme Ramos,  Unincor; Alex Fabiano Jardim, Unimontes; Alexandra Epoglou, UFU; Alexandre Henz, Unifesp; Alfredo Cordiviola, UFPE; Alícia Gonçalves, UFPB; Alita Sá Rego, UERJ; Alvaro Luis Nogueira, CEFET/RJ; Amaury Júnior, UFRJ; Amilcar Pereira, UFRJ; Amon Pinho, UFU; Ana Maira Coutinho, PUC-Minas; Ana Maria Araújo Freire, PUC/SP; Ana Maria Chiarini, UFMG; Ana Maria Doimo, UFMG; Ana Maria Medeiros, UERJ; André Daibert, CEFET/RJ; André Figueiredo, UFRRJ; André Leclerc, UFC; André Martins, UFRJ; André Paulo Castanha, Unioeste; Andrea Franco, PUC-Rio; Andrea Macedo, UFMG; Andrea Silva Ponte, UFPB; Angela Prysthon, UFPE; Angelita Matos Souza, Facamp; Angelita Pereira de Lima, UFG; Aníbal Bragança, UFF; Anita Leandro, UFRJ; Anna Carolina Lo Bianco, UFRJ; Antonio Carlos Lima, UFRJ; Antônio Cristian Saraiva Paiva, UFC; Antonio Justino Ruas Madureira, UFU; Antonio Pinheiro de Queiroz, UnB; Armen Mamigonian, USP; Benito Bisso Schmidt, UFRGS; Benjamin Picado, UFF; Branca Jurema Ponce, PUC/SP; Brasilmar Nunes, UFF; Bruna Dantas, Univ. Cruzeiro do Sul; Bruno Guimarães, UFOP; Carla Dias, UFRJ; Carlos Bauer, Uninove; Carlos José Espíndola, UFSC; Carolina Martins Pulici, Centro Universitário Senac; Cauê Alves, PUC-SP; Celia Rocha Calvo, UFU; César Barreira, UFC; César Nigliorin, UFF; Clara Araujo, UERJ; Clarice Mota, UFAL; Claudinei Silva, Unioeste; Claudio Benedito Baptista Leite, Unifesp; Cláudio DeNipoti, UEPG; Cleber Santos Vieira, Unifesp; Custódia Selma Sena do Amaral, UFG; Daniela Frozi, UERJ; Daniela Weber, FURG; Daniele Nilym, UFC; Dau Bastos, UFRJ; Débora Barreto, UCM; Debora Breder, UCM; Débora Diniz, UnB; Denise Golcalves, UFRJ; Diva Maciel, UnB; Doris Accioly, USP; Doris Rinaldi, Uerj; Douglas Barros, PUC-Campinas; Edgar Gandra, UFPel; Edson Arantes Junior, UEG; Eduardo Sterzi, FAAP; Elizabeth Maria Azevedo Bilange, UFMS; Emerson Giumbelli, UFRGS; Ercília Cazarin, Univ. Passo Fundo; Ernesto Perini, UFMG; Eugênio Rezende de Carvalho, UFG; Fabiana de Souza, UFG; Fabiele Stockmans, UFPE; Fábio Franzini, Unifesp; Fernanda dos Santos Castelano Rodrigues, UFSCar; Fernando Fragozo, UFRJ; Fernando Freitas, UERJ; Fernando Resende, UFF; Fernando Salis, UFRJ; Filipe Ceppas, UFRJ; Flavio Fogliatto, UFRGS; Geísa Matos, UFC; George Lopes Paulino, UFC; Geovane Jacó, UECE; Geraldo Orthof ,UnB; Geraldo Pontes Jr., UERJ; Gesuína Leclerc, UFC; Gilberto Almeida, UFBA; Gilson Iannini, UFOP; Giselle Martins Venancio, UFF; Gizelia Maria da Silva Freitas, UFPA; Graciela Paveti, UFMG; Gustavo Coelho, UERJ; Gustavo Krause, UERJ; Hélio Carlos Miranda de Oliveira, UFU; Hélio Silva, UFSC; Henri Acselrad, UFRJ; Henrique Antoun, UFRJ; José Carlos Prioste, Uerj; José Carlos Rodrigues, PUC – Rio; José Claudinei Lombardi, Unicamp; Henrique Antoun, UFRJ; Henrique de Paiva, Uninove; Humberto Hermenegildo de; Araújo, UFRN; Ianni Scarcelli, USP; Irlys Barreira, UFC; Isaurora Cláudia Martins, UVA; Ivan Rodrigues Martin, Unifesp ; Izabela Tamaso, UFG; Jackson Aquino, UFC; Jacqueline Girão Lima, UFRJ; Jacqueline O.L. Zago, UFTM; Janete M. Lins de Azevedo, UFPE; Jania Perla Diógenes de Aquino, UFC; Joana Bahia, UERJ; Joelma Albuquerque, UFAL; John Comerford, UFRRJ; Jorge Valadares, Fund Oswaldo Cruz; José Artur Quilici Gonzalez, UFABC; José Lindomar Albuquerque, UNIFESP; José Luiz Ferreira, UFERSA; José Messias Bastos,UFSC; José Otávio Guimarães, UnB; José Ubiratan Delgado, IRD- CNEN; Joziane Ferraz de Assis, UFV; Kátia Paranhos, UFU; Kelen Christina Leite, UFSCar; Laura Feuerwerker, USP; Leandro Lopes Pereira de Melo, Centro Universitário Senac; Simone Wolff, UEL; Solange Ferraz de Lima, USP; Sônia Maria Rodrigues, UFG; Lena Lavinas, UFRJ; Leonardo Daniato, UniFor; Lia Tomas, Unesp; Liliam Faria Porto Borges, UNIOESTE; Lúcia Maria de Assis, UFG; Lucia Pulino, UnB; Luciana Hartmann, UnB; Luciano Mendes de Faria Filho, UFMG; Luciano Rezende, Instituto Federal de Alagoas; Luciano Simão, UFF; Luís Filipe Silvério Lima, Unifesp ; Luis Mattei, UFF; Luiz Fábio Paiva, UFAM; Luiz Paulo Colatto, CEFET-RJ; Luiz Sérgio Duarte da Silva, UFG; Madalena Guasco Peixoto, PUC-SP; Marcelo Carcanholo, UFF ; Marcelo de Sena, UFMG; Marcelo Martins de Sena, UFMG; Marcelo Paixão, UFRJ; Marcelo Pinheiro, UFU; Marcia Angela Aguiar, UFPE; Marcia Cristina Consolim, Unifesp; Márcia Maria Menendes Motta, UFF; Marcia Paraquett, UFBA; Marcio Galdman, UFRJ; Marco André Feldman Schneider, UFF; Marcos Aurélio da Silva, UFSC; Marcos Barreto, UFRJ; Marcos Cordeiro Pires, Unesp ; Marcos Santana de Souza, UFS; Marcus Wolff , UCM; Maria Amélia Dalvi, UFES; Maria Aparecida Leite Soares, Unifesp; Maria Augusta Fonseca, USP; Maria Cristina Batalha, UERJ; Maria Cristina Giorgi, CEFET- RJ; Maria Cristina Volpi, UFRJ; Mônica de Carvalho, PUC-SP; Natalia Reis, UFF; Neide T. Maia González, USP; Nelson Maravalhas, UnB; Nelson Tomazi, UEL; Maria de Fátima Gomes, UFRJ; Maria Fernanda Fernandes, Unifesp; Maria Jacqueline Lima, UFRJ; Maria José Aviz do Rosário, UFPA; Maria José Vale, Unicastelo; Maria Lúcia Homem, FAAP; Maria Lúcia Seidl, UERJ; Maria Luiza de Oliveira, Unifesp; Maria Luiza Heilborn, UERJ; Maria Neyara de Oliveira Araújo, UFC; Maria Rita Aprile, Uniban; María Zulma M. Kulikowski, USP; Mariana Cavalcanti, FGV-RJ; Marisa Bittar, UFSCar; Markus Lasch, Unifesp; Marlon Salomon, UFG; Marly Vianna, UFSCar; Márnio Pinto, UFSC; Marta Peres, UFRJ; Marta Pinheiro, UFRJ; Mary Castro, UCSal; Miroslav Milovic, UnB; Edson Arantes Jr., UERJ; Moema Rebouças, UFES; Monica Alvim, UFRJ; Monica Bruckmann, UFRJ ; Nereide Saviani, Unisantos; Neusa Maria Dal Ri, Unesp; Nina Leite, Unicamp; Nise Jinkings, UFSC; Nora Krawczyk, Unicamp; Olga Cabrera, UFG; Olgamir Amancia Ferreira de Paiva, UnB; Ovídio de Abreu, UFF; Patrícia Reinheimer, UFRRJ; Patrícia Sampaio, UFAM; Paulino José Orso, Unioeste; Paulo Bernardo Ferreira Vaz, UFMG; Paulo Machado, UFSC; Paulo Pinheiro Machado, UFSC; Paulo Roberto de Almeida, UFU; Rafael Haddock-Lobo, UFRJ; Ramón Fernandez, FGV-SP; Raul Pacheco Filho, PUC-SP; Rita Schmidt, UFRGS; Robespierre de Oliveira, UEM; Rodrigo Nobile, UERJ; Rogério Medeiros, UFRJ; Ronaldo Gaspar, Unicastelo; Rosana C. Zanelatto Santos, UFMS; Rosana Costa, UFRJ; Rosemary de Oliveira Almeida, UECE; Sabrina Moehlecke, UFRJ; Sara Rojo, UFMG; Sarita Albagli, UFRJ; Sidnei Casetto, Unifesp; Silviane Barbato, UnB; Silvio Costa, PUC/GO; Simone Michelin, UFRJ; Suzzana Alice Lima Almeida, UNEB; Sylvia Novaes, USP; Tadeu Alencar Arrais, UFG; Tadeu Capistrano, UFRJ; Tania Rivera, UnB; Tatiana Roque, UFRJ; Telma Maria Gonçalves Menicucci, UFMG; Tercio Redondo, USP; Théo Lobarinhas Piñeiro, UFF; Tomaz Aroldo Santos, UFMG; Valdemar Sguissardi, UFSCar; Vera Chuelli, UFPR; Vera Figueiredo, PUC-Rio; Victor Hugo Pereira, UERJ; Viviane Veras, Unicamp; Volnei Garrafa, UnB; Wagner da Silva Teixeira, UFTM; Waldir Beividas, USP; Wilson Correia, UFRB; Adriano de Freixo, Universidade Federal Fluminense; Andre Gunder Frank, UFF ; Flávia Nascimento, UNESP; Graziela Serroni Perosa, EACH/USP; Gustavo Caponi, Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC; Helena Esser dos Reis, UFG; Jaime Rodrigues, Universidade Federal de São Paulo/Unifesp; Jaqueline Kalmus, UniFIEO; Joana Ziller – Universidade Federal de Ouro Preto/UFOP; Juliana Tavares, IFF; Luis Guilherme Galeão da Silva, USP; Luiz Mariano Carvalho, UERJ; Maria Margareth de Lima, UFPB ; Maria Waldenez de Oliveira, UFSCAR; Nelson Schapochnik, USP; Paulo Rodrigues Belém, PUC/Rio de Janeiro; Rita Fagundes, UFS ; Tercio Loureiro Redondo, USP; Valéria Vasconcelos, UNIUBE/MG; Ana Paula Cantelli Castro, Universidade Federal do Piauí/UFP; Hélio Lemos Sôlha – Professor, UNICAMP ; Pedro C. Chadarevian, UFSCAR; Ivaldo Pontes Filho, UFPE; Ricardo Summa, UFRRJ; Ernesto Salles, UFF; Sidney Calheiros de Lima, USP; Claudia Moraes de Souza, Unesp/Marília; Estêvão Martins Palitot, Universidade Federal da Paraíba/UFB; Lilian Sagio Cezar, USP; Gislene Aparecida dos Santos, EACH – USP; Eliézer Cardoso de Oliveira, Universidade Estadual de Goiás; Luiz Menna-Barreto, EACH/USP; Raquel Alvarenga Sena Venera, UFSC; Aida Marques, Universidade Federal Fluminense; Cleria Botelho da Costa, UnB; Ernestina Gomes de Oliveira, Faculdade de Direito do Instituto Superior de Ciências Aplicadas de Limeira; Kátia Menezes de Sousa, Universidade Federal de Goiás ; Aluizio Moreira, UFCG; Luiz Gonzaga Godoi Trigo, EACH/USP; Lucas Bleicher, UFMG; Luiz Carlos Seixas, FMU e UniFIEO; Giane da Silva Mariano Lessa, UFRRJ; George Gomes Coutinho, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro; Walter Andrade, Fundação Padre Albino; Antonio Torres Montenegro, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE; Regina Beatriz Guimarães Neto, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE; Enilce Albergaria Rocha, Universidade Federal de Juiz de Fora; Reinaldo Salvitti, USP; Vania Noeli Ferreira de Assunção, PUC/SP; José Arlindo dos Santos, Fundação Universidade do Tocantins/UNITINS; Jose Carlos Vaz, USP; Marisa Midori Deaecto, USP; Luiz Cruz Lima, Universidade Estadual do Ceará/UECE; Maria do Carmo Lessa Guimarães, Universidade Federal da Bahia/UFBA; Ebe Maria de Lima Siqueira, Universidade Estadual de Goiás/UnU; Alexei Alves de Queiroz, UnB; Francisco Mazzeu, Unesp; Cláudia Regina Vargas, UFSCAR; Fábio Ferreira de Almeida, Universidade Federal de Goiás; Celso Kraemer, Universidade Regional de Blumenau; Gladys Rocha, UFMG; Murilo César Ramos, UnB; Deolinda Freire, Universidade Federal do Triângulo Mineiro; Corinta Maria Grisolia Geraldi, UNICAMP; João Wanderley Geraldi, UNICAMP; Durval Muniz de Albuquerque Junior, Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Rafael Sanzio, UnB; Sônia Selene Baçal de Oliveira, Universidade Federal do Amazonas/UFAM; Arlindo da Silva Lourenço, Uniban; Izabel Cristina dos Santos Teixeira, UFT/Araguaína; Glaucíria Mota Brasil, Universiade Estadual do Ceará; Alícia Ferreira Gonçalves, UFPB; Francisco Alves, UFSCar; Luiz Armando Bagolin, USP; Igor Fuser, Faculdade Cásper Líbero; Paula Glenadel, UFF; Lana Ferreira de Lima, Universidade Federal de Goiás/UFG; Karina Chianca Venâncio, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE; Surya Aaronovich Pombo de Barros, Universidade Federal da Paraíba/UFPB; Fausto Fuser, USP; Silvia Beatriz Adoue, UNESP/Araraquara; Paulo Henrique Martinez, Unesp; Iram Jácome Rodrigues, USP; Sílvio Camargo, Unicamp; Fernando Nogueira da Costa, Unicamp; Mariana Cassab, UFRJ; Suzana Guerra Albornoz, FURG/Rio Grande e UNISC/RS; Alexandre Abda, FAP/SP; José Edvar Costa de Araújo,; Universidade Estadual Vale do Acaraú; Gabriel Almeida Antunes Rossini, PUC/SP; Cláudio Oliveira, Universidade Federal Fluminense/UFF; Aixa Teresinha Melo de Oliveira, CEFET/RJ – UnED/Petrópolis; Flávio Rocha de Oliveira, FESP/SP; Viviane Conceição Antunes Lima, UFRRJ; Rita Maskell Rapold, UNEB; Valter Duarte Ferreira Filho, UERJ e UFRJ; Romeu Adriano da Silva, Universidade Federal de Alfenas ; Paulo Cesar Azevedo Ribeiro, Universidade Estácio de Sá; Andréa Lisly Gonçalves, Universidade Federal de Ouro Preto; Álvaro Luis Martins de Almeida Nogueira, Cefet; Welerson Fernandes Kneipp, Cefet; Jarlene Rodrigues Reis, Cefet; André Barcelos Damasceno Daibert, Cefet; Luiz Antonio Mousinho Magalhães, Universidade Federal da Paraíba/UFPB; Maria Cristina Cortez Wissenbach, USP ; Denise Helena P.Laranjeira, Universidade Estadual de Feira de Santana; Magnus Roberto de Mello Pereira, Universidade Federal do Paraná/UFPR; Ricardo Cardoso Paschoal, CEFET/RJ; Luciano dos Santos Bersot, UFPR; Sérgio de  Paula Machado, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ; Antônio Alberto Machado, Unesp/Franca-SP; Sérgio Ricardo de Souza, CEFET/MG; Angela Thalassa, Faculdade de Arujá / IESA; Débora C. Piotto, USP; Marcelo Parizzi Marques Fonseca, UFSJ; Carlos Augusto de Castro Bastos, Universidade Federal do Amapá; Carina Inserra Bernini, Centro Universitário FIEO; Marta Costa, USP; Ana Paula Hey, USP; Angela Maria Carneiro Araújo, UNICAMP; Ignacio Godinho Delgado, Universidade Federal de Juiz de Fora; Otávio Luís de Santana, UFCG; Vladmir Agostini, UFSJ; Roberto de Barros Faria, Universidade Federal do Rio de Janeiro; Sônia Maria Rocha Sampaio, UFBA; Anderson Pires, Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF; Wilma Ferreira de Jesus, Faculdade Católica de Uberlândia; Antonio José de Almeida Meirelles, Unicamp; José Ademir Sales de Lima, USP; Ileizi Fiorelli Silva, UEL; Ana Fernandes, UFBA; Léo Carrer Nogueira, Universidade Estadual de Goiás; Regina Ilka Vieira Vasconcelos, UFU; Dilmar Santos de Miranda,  UFC; Consiglia Latorre, UFC; Cláudia Maria Ribeiro Viscardi, Universidade Federal de Juiz de Fora; Sérgio Henriques Saraiva, Universidade Federal do Espírito Santo/UFES; Dolores Aronovich Aguero, Universidade Federal do Ceará; Attila Louzada, Universidade Federal do Rio Grande ; Rogério Bitarelli Medeiros, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ; Rodney Werke, Unisul; Bruno Mendonça da Silva, Universidade Católica de Pernambuco; Ricardo Oliveira, UFRRJ; Hudson Costa Gonçalves da Cruz, Universidade Estadual Vale do Acaraú; Maurício Vieira Martins, Universidade Federal Fluminense; Mário Tadeu  Siqueira Barros, UECE/Universidade Estadual do Ceará; Flavio Galib, UNICAMP e UNIMEP/SP; Maria Amalia Andery, PUC/SP; Bruno Capanema, USP e UnB; José da Cruz Bispo de Miranda, UESPI; Marcos Olender, Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF; Simone Nacaguma, FACAMP/SP; Sônia Maria Aranha Rodrigues de Andrade, Faculdade Anhanguera; Carlos Eduardo O. Berriel, Unicamp; Yêda Maria da Costa Lima Varlotta, UMC/SP; Flávia de Mattos Motta, Universidade Estadual de Santa Catarina/USC; Maria Conceição Maciel Filgueira, Universidade Est. do Rio Grande do Norte ; Robson Laverdi, UNIOESTE; Glícia Pontes, Universidade Federal do Ceará; Sebastião Faustino Pereira Filho, UFRN; Roberto Hugo Bielschowsky, Universidade Federal do Rio Grande do Norte ; Américo Tristão Bernardes, Universidade Federal de Ouro Preto; Telma Ferraz Leal, Universidade Federal de Pernambuco; Cristiane Kerches da Silva Leite, USP; Vivian Urquidi, USP; Adriana Duarte, UFMG; Alexandre Fortes, UFRRJ; Carmelita Brito de Freitas Felício, Universidade Federal de Goiás; Nésio Antônio Moreira Teixeira de Barros, UFRN; Luiz Gustavo Santos Cota, Faculdade de Ciências Humanas do Vale do Piranga/MG; Clóvis Alencar Butzge, Universidade Federal da Fronteira Sul/UFFS/PR; Débora Cristina Morato Pinto, UFSCar; Márcia Marques, UnB; Antonio Carlos Moraes, Universidade Federal do Espírito Santo/UFES; Ricardo Brauer Vigoderis, UFRPE/UAG; Maria Luiza Scher Pereira, UFJF; Terezinha Maria Scher Pereira, UFJF
; Débora El-Jaick Andrade, Universidade Federal Fluminense; Clinio de Oliveira Amaral, UFRRJ; Cláudia Regina Andrade dos Santos, UNIRIO/UFRJ; Ulises Simon da Silveira, Univ. Est.Mato Grosso do Sul/UEMS; Fabrizio Guinzani, Unesc/SC ; Ana Elizabeth Albuquerque Maia, Universidade Federal do Ceará/UFC; Pedro Germano Leal, UFRN e University of Glasgow; Dimas Enéas Soares Ferreira, FUPAC, IPTAN e EPCAR; Geraldo Moreira Prado, Estácio de Sá e UNIRIO; José Luiz Aidar Prado, PUC/SP; Maria Elaine Kohlsdorf, Universidade de Brasília/UnB; Everaldo Carlos Venâncio, Universidade Federal do ABC/SP; Cláudia Souza Leitão, Universidade Estadual do Ceará/UEC; Lídia Santos, profa. de Literatura Brasileira na Univ. da Cidade de New York, NY, EUA; Sonia Maria Guedes Gondim, Universidade Federal da Bahia/UFBA; José Clécio B. Quesado, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ; Micheli Dantas Soares, UFBA; Marcelo Milan, University of Wisconsin Parkside; Daniela Canella, Universidade Federal de Goiás/UFG; Elisabete de Sousa Otero, UFRGS; Sandro Caje, Faculdade Impacta de Tecnologia."

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Dos mangás aos animes - um "short-cut"


Osamu Tezuka
Osamu Tezuka, o pioneiro, foi um grande desenhista que ganhou notoriedade com seus quadrinhos nos anos de 1950 e hoje é considerado o pai dos filmes de animação japoneses. No início da década de 1960, as histórias de Tezuka eram muito populares e seu talento era reconhecido pelo cuidado extremo na construção dos cenários e personagens das suas histórias em quadrinhos. As histórias agradavam a crianças e adultos, com referências muito fortes da cultura européia e grande liberdade de imaginação. A qualidade do trabalho de Tezuka merecia ganhar movimento nas telas do cinema e assim ocorreu, com a criação da sua própria empresa, chamada Mushi Studios.
Tezuka realizou belas animações de curta-metragem para o cinema, seguindo, na medida do possível, os passos do seu grande ídolo, o norte-americano Walt Disney. Inventou personagens fabulosos, com poderes fantásticos, mas jamais abriu mão dos valores e dos sentimentos humanos nestas criaturas. Sua técnica apurada tem a mesma sofisticação dos grandes animadores norte-americanos e isto é muito relevante no seu trabalho, porque à época das suas primeiras realizações, o Japão era um país que ainda tentava se recuperar da Segunda Guerra Mundial e os recursos financeiros para os seus filmes não eram tão abundantes quanto hoje. A animação era criada quadro a quadro, desenho a desenho, pincelada a píncelada, o que é muito caro, demorado e trabalhoso.
Os brasileiros que têm mais de 40 anos de idade certamente conhecem ao menos um trabalho belíssimo de Tezuka, uma série de desenhos animados que durante anos fez grande sucesso na televisão brasileira, cujo título em inglês é Princess Knight, conhecida entre nós como A Princesa e o Cavaleiro. Se você se lembra ou conhece a Princesa Saphiri (na língua inglesa escrevem Sapphire), a personagem principal desta série, perceberá que o trabalho de Osamu Tezuka era realmente fabuloso.Os mais jovens estão descobrindo Tezuka com as refações de Astro Boy.
Falecido em 1989, Tezuka deixou discípulos geniais, como Katsuhiro Otomo, o idealizador de Akira, uma das fábulas de maior sucesso nos mangás e que também ganhou as telas do cinema.

Katsuhiro Otomo
Katsuhiro Otomo teve a oportunidade de desenvolver sua arte trabalhando no estúdio de Osamu Tezuka, aprimorando o seu talento sob a orientação do grande mestre.
Akira é um marco das histórias em quadrinhos. A aventura hi-tech criada por Otomo nos leva a refletir sobre grandes problemas próprios das sociedades mais adiantadas tecnologicamente. Partindo da idéia de uma experiência militar para desenvolver uma arma poderosa de destruição em massa, o roteiro de Akira é uma metáfora que nos leva para o submundo das gangues de adolescentes, o poder destruidor das drogas e a deterioração da sociedade e de um país à mercê dos efeitos da falta de controle das autoridades sobre o que é realizado secretamente em laboratórios e escritórios.
O poder para criar, o poder para destruir e o poder de corrigir os erros são o combustível de uma trama muito bem construída por Otomo. O roteiro do filme tem a história um pouco modificada do que está nos quadrinhos, mas ambos são resultado de um trabalho brilhante.
De certa forma, Akira é uma previsão dos tempos que vivemos, com governos incapazes de controlar o poder destrutivo de armas desenvolvidas com alta tecnologia, que acabam caindo nas mãos das pessoas erradas. Em Akira as forças do bem e do mal se lançam na luta usando todas as armas disponíveis como satélites com canhões lazer e mediunidade, lembrando grandes sucessos do cinema da década de 1980, como Guerra nas Estrelas e Scanners.

Hayao Miyazaki
Hayao Miyazaki é outro grande mestre destas artes. O seu gênio foi reconhecido com vários prêmios, como o Oscar de melhor filme de animação de A Viagem de Chihiro.
Os seres fabulosos de Miyazaki têm a qualidade de restituir no espectador a percepção do quanto somos humanos e quais são as nossas principais qualidades. Questões como a ecologia, a preservação dos valores culturais e sagrados estão sempre presentes no trabalho de Miyazaki.
A Viagem de Chihiro é um tabalho magnífico, sobretudo para quem compreende um pouco da cultura japonesa, das tradições, dos mitos, das religiôes mais tradicionais no Japão, como o budismo e o shintoísmo. Uma das mensagens mais importantes deste filme não é para as crianças, mas para os adultos. Hayao Miyazaki diz na tela, com todas as cores e belas imagens: “As crianças pagam muito caro pelos erros que nós, adultos, cometemos.” Este é um filme imperdível para crianças e adultos. Uma bela lição de sabedoria.
Para quem perdeu a oportunidade de ver A Viagem de Chihiro nas telas grandes dos cinemas, uma boa sugestão é passar numa locadora, fazer pipocas e reunir a molecada para assisti-lo com a boa dublagem feita para o português. Se não houver crianças por perto, também vale a pena assistir sozinho ou com uma companhia bacana. No mundo em que vivemos falta a poesia que Miyazaki coloca na tela.
O filme Princess Mononoke, de 1997, distribuído pela Miramax mas que não foi lançado no Brasil, não é para crianças. É um desenho animado para adolescentes e adultos, com cenas de violência e com apurada qualidade estética e visual. A fábula conta a história da luta dos deuses da floresta contra a opressão de uma vilã humana. Simplesmente fantástico.

Mamoru Oshii
Entre os excelentes realizadores atuais do Japão, Mamoru Oshii é uma referência importante. É um mestre na combinação das técnicas tradicionais com os recursos mais modernos na produção de animações. A qualidade técnica alcançada por Oshii e outros da sua geração é impressionante, mesmo para os padrões da indústria cinematográfica norte-americana. O trabalho que o destacou é uma aventura no estilo de Blade Runner, com personagens cíbridos (meio humanos e meio máquinas) e humanos interagindo em uma sociedade projetada no ano de 2029.
Ghost in the Shell, lançado no Brasil em DVD e VHS pela FlashStar como O Fantasma do Futuro, é uma adaptação para as telas do mangá homônimo de Masamune Shirow, filosoficamente denso e, por isso mesmo, mais interessante e mais atual do que Matrix ou qualquer outro filme que eu tenha assistido. No lugar de dividir o mundo em um universo real e outro virtual, Oshii desenvolve sua história no mundo real, com os pés bem no chão e muito atento ao desenvolvimento das tecnologias mais importantes dos nossos dias: a bioengenharia e a computação. A personagem central de O Fantasma do Futuro é uma andróide, cujo corpo foi construído em uma empresa para abrigar um cérebro supostamente humano, algo semelhante a Robocop, de Paul Verhoeven, e Inteligência Artificial, de Steven Spielberg, mas que muito mais “cabeça”, com uma dinâmica que foge à velocidade desesperada de videoclipe, sendo uma obra mais contemplativa, com pitadas da estética de um Wim Wenders e de um Akira Kurosawa.
O desafio da personagem principal é interceptar um vírus de computador que sai da rede mundial para ganhar vida “biológica”. Esse vírus não se espalha, nem contamina um número grande de computadores ou andróides, ele vai passando de um hospedeiro para outro, desenvolvendo consciência como indivíduo e usa suas táticas, da mesma forma que os seres vivos, para perpetuar-se. Um vírus lutando para deixar de ser apenas um código de programação e se tornar uma entidade viva.
Tudo o que se passa em O Fantasma do Futuro bem poderia ser considerado como um delírio, mas a ciência já sabe que células do cérebro humano e do sistema nervoso, os neurônios, podem ser usados em chips de computador desempenhando a mesma função dos antigos transistores. O futuro real caminha mais na direção das idéias de Oshii do que na de Matrix; pelo menos atualmente.
O trabalho seguinte de Mamoru Oshii se chama Avalon, um longa metragem baseado nas experiências de imersão em ambientes virtuais, na verdade um deslocamento da consciência para um mundo virtual, como ocorre com os personagens de Matrix. Em Avalon, os personagens “entram” na máquina para participar de um jogo de videogame cujas fases mais adiantadas podem ser letais para os jogadores, que jogam com as próprias vidas. Se, em O Fantasma do Futuro, Oshii usa as técnicas tradicionais de animação, com os desenhos feitos a mão e filmados quadro a quadro, realçando apenas os efeitos de iluminação com programas 3D, em Avalon os efeitos 3D são poucos e aplicados em imagens de vídeo de alta definição, capturadas com câmeras digitais.
Às vezes o filme parece monótono, lento demais para quem está acostumado com a velocidade de vídeo-clipe dos filmes de aventura feitos em Hollywwod, mas é um belo trabalho. Realizado na Polônia, com atores locais , o filme tem imagens belíssimas e uso de locações reais. Os trabalhos de Oshii são bastante econômicos em munição, se compararmos com os filmes americanos, mas em Avalon os tiros e as mortes de personagens seguem a necessidade do jogo que está sendo jogado. Mesmo assim é um filme feito para o espectador pensar, acima de tudo.
Por último, de Oshii, há a seqüência de Ghost In The Shell, o belo longa de 2005 Innocence. Uma obra de maior apuro estético do que as anteriores, que já eram referência em termos de acabamento e refinamento. Vale a pena assistir, pelo alto nível de reflexão que Oshii propõe, seja para apreciar a evolução das técnicas de animação, ou simplesmente para se divertir.

domingo, 10 de outubro de 2010

Pixografias I

Estou escrevendo a parte da minha dissertação que é sobre a pixação em São Paulo. Há alguns anos que venho pesquisando e acompanhando à distância a arte dos manos. A foto que ilustra esse texto foi obtida há pouco. Passei numa rua e vi essa marca caligráfica que considero expressão de fina competência artística. 



Já pixei. No início dos anos 80 eu e alguns amigos fomos parar no Primeiro DP de Santo André porque estávamos pixando. Meu pixo seria um tímido "Maluf é o meio para o fim", mas não deu tempo. Um camburão da civil, gentilmente, nos guiou até a delegacia. Não ficamos presos, o dono do imóvel não se apresentou para dar queixa. Passamos algumas horas na delegacia; "explicamos" que não estávamos fazendo pixo político, mas declarações de amor. O delegado ficou sensibilizado, nos deu uma canseira até amanhecer e nos liberou; era um homem romântico, nos tratou bem. Depois desse episódio muitos anos passaram até que minha atenção se volta novamente para a pixação.

O Prof. Dr. Artur Matuck me pediu que editasse um material que ele havia gravado em Salvador há alguns anos. Logo de cara, quando um dos rapazes que aparecem no vídeo pega a latinha de spray, seu gesto, o movimento do corpo, me chama à atenção. O resultado do gesto ficou expresso na parede: um grande nome em forma de círculo, com mais ou menos um metro e meio de diâmetro. Pode parecer banal, a pixação. No entanto, um olhar curioso que busque decifrá-la cuidadosamente será recompensado com uma história e com o rompimento das barreiras do pensamento comum.

Na minha opinião sincera, a pixação é arte, sim. Mas não qualquer pixação. A maioria das pixações que vejo é motivada pela emergência de uma necessidade ancestral de comunicar. É um impulso muito mais complexo do que normalmente deduzimos e por isso merece atenção dedicada. É um ato social; é um ato político; é um ato psicológico; é um ato antropológico; é um ato filosófico; é um ato, sobretudo, humano, de liberdade. É artístico, porque o ato é manifestação da senciência. Uso o termo "senciência" no sentido usado por Merleau-Ponty, quando analisa a obra de Cézanne. Nenhum pixador será Cézanne mas, como a arte do pintor de Aix-en-Provence, a pixação é, ao mesmo tempo, açoite e vítima de uma sociedade que não tolera a liberdade. É o mesmo Merleau-Ponty quem diz: "Se a liberdade é liberdade de fazer, é preciso que aquilo que ela faz não seja desfeito em seguida por uma liberdade nova.", no último capítulo da Fenomenologia da Percepção. Nossa sociedade adora desfazer, sob o pretexto de "fazer melhor". A burguesia se acha capaz de fazer sempre o melhor. Temos que reconhecer que a burguesia sabe fazer dinheiro melhor do que nós, proletários e pobres.

Essa pixação deixada por Falcão numa parede, em Cidade Tiradentes, extremo leste da capital paulista, mostra algo semelhante ao exercício de Sagat, o pixador de Salvador: a rigidez da escrita foi vencida pelo ato senciente, quando o corpo e a mente atuam em perfeita sintonia para criar uma expressão. O resultado é a forma orgânica da escrita estendida aos limites da possibilidade de decifração, como os calígrafos árabes fazem há séculos. É arte, da boa. Vandalismo? Sim, porque não é arte dos "patrícios", mas arte dos bárbaros e vândalos que estão sendo convidados a invadir o território das artes com seu sopro de vitalidade, de originalidade que brota da genuína experimentação. Cézanne era um vândalo, também.

O pixo é uma arte pública, não está restrita às ruas, e muito menos às bienais, galerias e museus. É uma arte fundamentalmente popular, acessível a todos, sem pagamento de ingresso. Está na rua. É da rua. É do povo. Tem muito joio e algum trigo. Há quem avalie o pixo pela atitude do pixador, há quem avalie pelo exercício estético, há quem avalie pelo seu potencial de despertar protestos.

Pode ser que a pixação acabe se transformando num grande negócio no mercado das artes, mas isso não a destruiria. A rendição da intelectualidade e da burguesia ao pixo é apenas uma recorrência, como ocorreu tantas vezes no passado com outras manifestações artísticas. Não macula, não ameaça a arte de pixar. É uma rendição com olhos que não passam da superfície de uma arte vacinada, que vem do paleolítico, antiga como o homem, anterior às civilizações. É arte rupestre para alguns, parietal para outros, graffito para outros mais; não importa que o nome mude, é sempre o mesmo impulso, a mesma parede, a mesma tinta, há dezenas de milhares de anos, variando apenas de acordo com cada época. Não há dúvida de que sobreviverá à nossa. Sempre sobrevive, como nas catacumbas romanas e nos muros e paredes de Pompéia. E é sempre por meio dos seus registros que as ciências e as artes desvelam o humano.

sábado, 9 de outubro de 2010

Oh, what a joy!



"I and I are going to Zion... If you follow head of churches you will never come at all... If you follow politicians you will never come at all...". Ouvi estas frases pela primeira vez num comercial de cigarros que foi amplamente veiculado na televisão brasileira na década de 1970. Quem tem mais 40 anos talvez se lembre. O diretor do comercial usou um trecho de uma cançao Niyabinghi, que é a verdadeira música rastafariana, gravada por Jimmy Cliff num álbum maravilhoso, "Give Thanx". Naquela época, o guitarrista Keith Richards passava férias na Jamaica e se apaixonou por esse gênero de música, do qual derivou a essência filosófica do reggae: amor, religião e política. A música Niyabinghi é uma permanência da ancestralidade cultural africana atualizada pela cultura contemporânea dos negros no Novo Mundo. Música da diáspora. Música com tambores que seguem o ritmo do coração; música que provoca aqueles arrepios que Martinho da Vila, falando de samba, diz que são a manifestação da africanidade em quem ouve.

Os tambores de "Bongo Man", cantada por Cliff, mexiam e ainda mexem com os sensores, com o coração e com o pensamento. Não posso deixar de lembrar que eram anos de ditadura, no Brasil e na América Latina. Na Jamaica e em muitos outros países, políticos importantes eram fantoches da CIA - penso que alguns ainda são. Muitos jovens regueiros de hoje não têm idéia do que ocorria na política daquele tempo, nem no Brasil, nem na América Latina, nem no Caribe, nem na África. Muitos jovens negros desconhecem por completo, ainda, a história do rastafarianismo, da formação das populações negras na América, das políticas sociais que excluem o povo negro, etc. Não são obrigados a saber, mas talvez pudessem tirar desse conhecimento algum benefício, porque não saber não significa não sentir. O reggae do século XXI é fraco, tímido, sem força política, sem história, sem filosofia e sem poesia. O consumo de ganja, no entanto, é forte, aumentou fantasticamente entre os jovens. Já não se consome ganja para "elevar a alma", mas para ser um careta boa praça, um simulacro de contraventor, ou simplesmente um viciado.

Não foi só o reggae que sofreu a influência nociva da indústria fonográfica e dos meios de comunicação de massa. O rock envelheceu. O hip hop sofre há muitos anos a corrosão que Afrika Bambaataa já advertia no seu precioso manifesto. O jazz estagnou-se, forçando Winton Marsalis a buscar em décadas passadas o elo perdido. A MPB foi soterrada pelo jabá e por um complicado sistema legal que privilegia os hitmakers. A música se desimcompatibilizou com a política, com a história, com as artes e, em troca disso, se beneficiou da expertise dos economistas e dos administradores de empresa. Sai a arte, entra o lucro.

Recebi um e-mail, há alguns meses, com uma música anexada. Não sou fã dos Stones, gosto, mas não me empolga. No e-mail, havia uma explicação que era uma gravação de um grupo Niyabinghi, com participação de Keith Richards. Gosto, sempre gostei, da guitarra de Richards, que traz uma pureza roqueira que só um guitarrista com a alma lavada no puro blues pode expressar. Acompanhando os Wingless Angels, sua guitarra é comedida, se ajusta à simplicidade pungente da música. Fiquei feliz em poder ouvir o poderoso tambor Nyabinghi em "Oh, what a joy!", depois de quase 30 anos passados da primeira audição de "Bongo Man". Na verdade, fiquei chocado, em estado de contrição, ouvindo a voz de Justin Hinds, a guitarra de Richards e o coro de pescadores.

Hoje, quis ouvir a música novamente. Precisava de uma mensagem de força, neste momento em que pouco tempo falta para o nascimento de Morena. O desemprego, a falta de dinheiro, a aflição que castiga a maior parte dos negros e mestiços brasileiros chegou para mim, novamente, no momento mais difícil. Serra e Dilma estão em campanha. Os mineiros chilenos estão ainda presos a 700 metros de profundidade. Em São Paulo, garoa e frio. Carol, em Santa Catarina, pelo telefone está mais amável hoje. Estou amargo. O canto de Justin Hinds com os Wingless Angels me faz viajar no tempo, na cultura, na história, na política, no passado, no presente e no futuro de Morena. Esses tambores Nyabinghi ressoam as diversas manifestações de Jah. Restauram o que nossa música perdeu: a autenticidade e a força de falar diretamente para o espírito e para o tino. São a resistência para suportar o tombo e levantar-se com segurança. Revigoram o axé, como diz Babatunde Lawal; o "n´tu", como diz Dilma de Melo Silva. A cultura dos negros me apaixona. Minha filha será negra, será Morena, e me apaixona. A família de Hinds é negra, e autorizou a publicação do álbum no site dos Wingless Angels. A generosidade, entre os negros, como essa da família Hinds, é a maior prova de que o culto da miséria é característica da sociedade burguesa.

Ideogramas

Essencialmente, viver é compartilhar. Um blog é um espaço para compartilhar idéias, devolver ao mundo o que o mundo nos dá. Não tenho recebido muito, é verdade. O mundo não tem sido muito generoso comigo, como também não o é - e não o foi - com muita gente de valor infinitamente maior do que o meu. Vejam as biografias de Spinoza, Modigliani, Gandhi, Maiakovski, Mário Pedrosa, Marighella, Mandela e outros. Aquilo que tenho para compartilhar não é lá grande coisa, no entanto é sincero. Por ser assim, creio que vale a pena escrever neste espaço. Talvez valha a pena o exercício de passar para o texto o que surge como idéia ou percepção.

Que o blog seja a sala onde os amigos vêm para conversar, falar do que os agrada, do que os inquieta, do que os aflige. Que seja uma praça, onde os cidadãos vêm se encontrar, oferecer e solicitar ajuda. Que seja uma cidade, sem centro e sem periferia. Que seja um país, com suas catástrofes e seus carnavais. Que seja um planeta, com suas diversidades conscientes de que vêm de um berço comum.

Deixe sempre uma mensagem.

Seja bem vindo.
Sandro Caje